BAIXO PLANO
Como sempre muitas viagens se tornam um aprendizado. É como confiar em quem não se deve.
Eu fui a um lugar triste. Era como uma cidade dentro de um pântano. Somente iluminada por pequenas velas, pois nunca o sol apareceu ali. Ruas desertas e um perigo constante pelo medo de ser pego.
Andei a procura de um endereço, mas quanto mais eu andava mais longe ficava da luz. Eu já me considerava perdido neste vale da incompreensão. Nesta tentativa de retorno cruzei com um casal que também estavam andando a procura de uma saída.
_ vocês sabem como sair daqui?
_ Não, nós não sabemos!
Disse a mulher e o homem confirmou.
Eu olhei para o céu e vi uma réstia de brilho. Comecei a correr. O casal viu e veio atrás.
Fomos subindo até chegar na crosta. Era uma BR que se ligava a algum lugar e agora saber a direção.
Parei e fiquei esperando algo que indicasse a direção e tudo começou a esclarecer. Um acidente, mortes, vidas ceifadas naquele ponto da BR. Este casal morreu ali e seus espíritos foram tragados para este mundo de dor. Como sempre viviam em desarmonia não tinham bônus para saírem deste pântano.
Eu nem sei o que fui fazer lá e porque desci, mas ser missionário é ter certeza que estamos prontos e preparados para a missão.
Naquela ocasião eles relembraram da tragédia e se puseram a chorar com gritos sufocados. Tinha mais gente no carro. Eu não conseguia entender porque o estado emocional se abalou. Fiz uma prece e pedi a Jesus força para ajudar. Foi como um encanto que a energia desceu até eles. Foram sendo embalsamados e retirados dali.
Eu ainda pensei: porque só eles receberam esta energia.
_ A tua hora ainda não chegou!
Tremi dos pés a cabeça. Calei-me. Ser missionário é estar com suas armas em prontidão para desvendar os enigmas do seu próprio destino.
A morte é uma consequência da vida. Viver por viver não é a questão, mas quando conhece a sua verdade é muito prazeroso viver.
Como diz Seta Branca: missionários em muitas linhas. Eu tenho uma linha de atuação e vivo o meu amanhecer, o meu mundo. Se ele é bom ou ruim só eu que saberei.
A verdade é que ninguém consegue ver as tramoias que os espíritos fazem para divergir e destruir. A pior infelicidade é acreditar no erro. Acreditar em um grande amor e não ser correspondido. Falsa ilusão de um amor obsessivo. Sempre este tipo de relacionamento acaba em morte ou separação. O problema maior que quem está envolvido nesta rede de intrigas não consegue vislumbrar um futuro feliz. É só brigas e desentendimento. Fazem as pazes como desfazem. Não haverá paz e vão se afundando no lodo sombrio da morte.
Como deste casal desencarnado. Depois fiquei sabendo que houve desentendimento entre eles e o carro desgovernou batendo na cabeceira da ponte.
Seria um acidente ou suicídio. Na sequência do caminho não posso afirmar o motivo deles terem se desentendido.
Porém a missão foi completada com muito medo. Eu tive medo, sim, porque este mundo sombrio desperta a responsabilidade que todos devem ter com suas vidas. Não é simplesmente abusar do seu roteiro, mas saber com quem anda. Será que é isso que escolheram para o destino. Não ter um lar, não ter uma família, não ter paz espiritual. Paz espiritual é diferente da paz terrena. Os espíritos iluminados têm esta paz em dois planos.
Eu cutuquei onça com vara curta e quase me arrancou o braço que estendi para afagar sua dor. Muitos querem receber carinho, mas não sabem retribuir. São muito duros com quem os ama. Preferem sofrer um inferno a que receber um aviso de esclarecimento.
Bom, cada um faz do seu caminho a dor ou amor que levará junto pela eternidade.
A cegueira carmica da obsessão destrói um verdadeiro amor.
Salve Deus!
Adjunto Apurê
An/Un
04.02.2024