VOSSA ALTEZA
Há! A solidão não é só da nobreza!
Eu tive que viajar. Fui buscar o que era meu, o velho castelo de Balmoral localizado em Aberdeenshire, na Escócia. O peso na consciência do espírito só se liberta regredindo ao passado para trazer a realidade que ficou nas amarras do destino.
Era tudo em pedra lapidada como um labirinto por onde a nobreza vagava de aposento em aposento. Eu estava acompanhado e tudo era compartilhado. Dentro havia um lugar separado do castelo como um lugar de documentos. Era ali que estava guardado o que eu fui buscar. Uma escritura, um mapa, um recibo das terras que foram tomadas.
Eu cheguei, porém a porta já havia sido arrombada e tudo revirado. Alguém descobriu o segredo do castelo. A Escócia já não era mais segura. Voltei apressado com uma tocha na mão para iluminar o caminho criando vultos sombrios nas pilastras por onde passava. Era a minha sombra que escorregava pelas paredes. Medo, sim, o maior medo era do que foi levado.
Rapidamente cheguei do outro lado como uma ponte que ligava os caminhos. Chamei minha acompanhante e saímos como entramos.
_ Vamos embora! Rápido! Não pegue nada daqui! Algo está errado!
Eu só me liguei ao fato quando voltei para meu destino, esta nova encarnação. Triste quando se tem que deixar tudo que conquistou para trás. É como nossa vida que construímos sem precisar quando e quem tomará nosso lugar.
O mundo se descortina sob os olhares dos espíritos que ainda permanecem ligados ao seu passado. Não há futuro sem passado. Se houvesse seria até irracional admitir que somos únicos.
É muito complicado viver em busca da verdade. Sabemos que somente a verdade esclarece os corações acrisolados nesta terra.
Eu tirei minha acompanhante dali porque tive medo de perdê-la.
A solidão de um reinado que tragou o espírito mais uma vez para o precipício da inverdade. Quem somos nós nesta vida sem esclarecimento dos registros históricos. Me tiraram os pergaminhos para esconder a realidade.
As noites parecem dias no pensamento dos senhores que se comportam como deuses. Vidas perdidas. Vidas vividas. A morte convida para o descanso eterno. Só resta apreciar esta consequência como instrumento de amor e respeito.
Muitos só enxergam este território neutro com os olhos da terra. Quem aqui está se contradiz naturalmente porque se confronta com sua própria consciência. Uns já são inconscientes por desacreditarem no espírito.
Viver a terra todos vivem, mas viver o espiritual é para poucos. Muitas vezes eu me desconheço por não saber em qual período estou vivendo. É uma confusão mental, celestial. Difícil saber a resposta certa para algo que está mexendo com seu sol interior. Problema de aceitação. Você não aceita perder.
Eu também não aceito certas provações que te jogam em uma cova como um poço sem fundo. Não adianta espernear.
Assim eu fui buscar o que deixei preso no passado. Só Deus para tornar isso possível.
Três horas da madrugada buscando a verdade.
Salve Deus!
Adjunto Apurê
An/Un
19.10.2024