DAR TEMPO AO TEMPO
O tempo é a voz da razão.
Eu fico lembrando de tia Neiva que se isolava para não ser tanto cobrada. As reações temperamentais a deixavam doente fisicamente.
Vejam bem: Quando você conhece o coração de verdade de alguém nunca será a mesma coisa. Ali se escondem tudo que vai acontecer no caminho escolhido. Verdades, falsidade, traições, respeito, amor, ódio. Tudo fica exposto.
Conhecer uma pessoa pelo rosto não é conhecer seus segredos. Quando algo desabrocha vem a tona os desafios que serão enfrentados.
Então tia viveu na sua clausura espiritual porque ela conhecia todos os segredos do seu povo. Quem era quem, quem veio trazer boas notícias e quem veio trazer as contrariedades.
Eu estou enclausurado no meu mosteiro em respeito às juras transcendentais. São espíritos algozes que não perseguem o perdão. Querem a vingança por não serem amados. Ter amor é ser respeitado.
Eu converso muito com meu espírito e sinto que este distanciamento faz parte da minha condição evolutiva. Eu não vim para liderar um exército vingativo. Eu vim fazer parte deste exército que tem um líder que representa o amor incondicional.
Quem quiser seguir comigo terá que limpar seu bornéu. Retirar todas as pedras e deixar seu espírito livre.
As pedras pesam muito no destino e quanto mais recolhe mais atrasa sua jornada.
Eu procuro a sinceridade. Talvez eu devesse cobrar as diretrizes que sustentam a vida missionária, porém, todos aprenderam a caminhar.
Ser livre é não meter o dedo no bedelho do próximo, mas exigir o bom comportamento diante das testemunhas do tempo.
Jaguares. A mesa foi posta e todos estão se alimentando das conquistas. Não desperdicem vossas energias com o que não vale a pena.
Eu conheço o coração das almas que veem buscar respostas. Elas não me conhecem, porque não conseguem entrar no meu mosteiro.
Humahã, meu mestre e irmão, tem me aconselhado muito a não fazer distinção de quem é quem. Cada espírito jurou seu destino. Caberá somente a ele cumprir o que se comprometeu.
Assim foi com esta alma aflita que chegou de noite no templo. É uma missionária que está muito doente espiritualmente. A deturpação mental, moral e social não condiz com seu espírito. Desmoralização está causando uma ruptura muito séria nos preceitos deste amanhecer. O sofredor, seu algoz, já disse que vai levá-la desta terra. Isso porque ele não a perdoa por ter desencarnado.
Assim começa a doença mental. Os valores da obediência não valem mais. Não há respeito.
Como eu disse:
Dar tempo ao tempo e todos verão a verdade.
Salve Deus!
Adjunto Apurê
An/Un
07.02.2024